O ‘jagunço’, saqueador de cidades, sucedeu o ‘garimpeiro’, saqueador da terra. O mandão político substituiu o ‘capangueiro’ decaído.
Euclides da Cunha, Os Sertões, A Luta, Preliminares, I.
O ‘jagunço’, saqueador de cidades, sucedeu o ‘garimpeiro’, saqueador da terra. O mandão político substituiu o ‘capangueiro’ decaído.
Euclides da Cunha, Os Sertões, A Luta, Preliminares, I.
E se como eu, pensas que somos desventurados numa farsa lastimavelmente triste; e julgar como eu julgo, que este país é organicamente inviável; e se, comigo chegaste — rigorosamente, como no final de um teorema — à conclusão desanimadora de que chamamos política a uma grande conspiração contra o caráter nacional — se tudo isto é exato, estamos ainda formados, juntos, na mesma linha avançada e superior dos céticos que ao menos não terão desapontamentos e desilusões.
Euclides da Cunha em carta a Francisco Escobar, 25 de dezembro de 1901.
É necessário que tenhamos a postura corretíssima dos fortes! Não é invadindo prisões que se castigam criminosos.
Euclides da Cunha em carta aberta ao redator da Gazeta de Notícias, 20 fev. 1894. Segundo Walnice Nogueira Galvão e Oswaldo Galotti, em Correspondência de Euclides da Cunha (São Paulo, EDUSP, 1997), “Euclides protesta contra a sugestão do senador Tomás Cordeiro de que se dinamitassem as cadeias onde estavam confinados os presos políticos da Revolta da Armada (1894)”. Foto: Alan Levine.
Em nossa pátria, onde o partidarismo impera, é vulgar a aparição de políticos desiludidos, mumificados em vida, e acurvados ao peso de antigas crenças, derrocadas.
Euclides da Cunha, Crônicas, Série Homens de Hoje, originalmente publicada em Província de S. Paulo, 28 jun. 1889.
Se um grande homem pode impor-se a um grande povo pela influência deslumbradora de seu gênio, os degenerados perigosos fascinam com igual vigor as multidões tacanhas.
Euclides da Cunha, Os Sertões, A Luta, Expedição Moreira César, I.
A liberdade, a verdadeira liberdade, não é uma coisa que se decrete, que possa sair do espírito dos legisladores, como Minerva, armada e pronta à realização da sua ingente tarefa.
É como direito, um produto cultural das sociedades, e como tal evolve, seguindo a direção de um desenvolvimento superior da inteligência e dos sentimentos.
Euclides da Cunha, Crônicas, Série Dia a Dia, O Estado de S. Paulo, 3 abr. 1892.
A figura de Diogo Feijó, que a domina [a Regência], sobranceia todo o nosso passado. Tem linhas esculturais, que ainda não se reproduziram em nossos homens públicos. Que outros admirem os marechais dominadores de rebeldias dentro do círculo de aço dos batalhões fiéis; eu prefiro admirar aquele padre estupendo que com as mãos inermes quebrava as espadas dos regimentos sublevados. Ninguém mais do que ele nobilitou a lei, restaurou a autoridade e dignificou o governo. Mas, embatendo na sua alma antiga, quebrou-se, totalmente, a vaga de uma revolução. E ele fez o remanso largo do segundo Império…
Euclides da Cunha, Conferência Castro Alves e seu tempo, S. Paulo, Centro Acadêmico XI de Agosto, 1907.
Estou na reserva desde os vinte anos, quadra em que me assaltou o pessimismo incurável com que vou atravessando esta existência no pior dos piores países possíveis e imagináveis. Talvez não acredites: ando nas ruas desta aldeia de avenidas, com as nostalgias de um inglês “smart” perdido numa enorme aringa da África Central. Nostalgia e revolta: tu não imaginas como andam propícios os tempos a todas as mediocridades. Estamos no período hilariante dos grandes homens-pulhas, dos Pachecos empavesados e dos Acácios triunfantes. Nunca se berrou tão convictamente tanta asneira sob o sol! (…); em cada degrau de Secretaria um salvador das instituições e da Pátria. Da noite para o dia surgem não sei quantos imortais… É asfixiante! A atmosfera moral é magnífica para batráquios. Mas apaga o homem.
Euclides da Cunha em carta a Otaviano Vieira, 8 de agosto de 1909.
A revolução não é um meio, é um fim; embora, às vezes, lhe seja mister um meio, a revolta.
Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos, Um velho problema.
O lema da nossa bandeira é uma síntese admirável do que há de mais elevado em política.
Euclides da Cunha, Crônicas, série Dia a Dia, O Estado de S. Paulo, 5 abr. 1892. O lema “Ordem e Progresso” foi inspirado na frase de Comte: O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim (Auguste Comte, Catecismo positivista).