Descobri que Os Sertões não é livro pra ser lido. É pra ser anotado. Na verdade, só o descobri quando o reli anos mais tarde.
Silviano Santiago, Folha de S. Paulo, São Paulo, 1º de dezembro de 2002. Caderno mais!
Descobri que Os Sertões não é livro pra ser lido. É pra ser anotado. Na verdade, só o descobri quando o reli anos mais tarde.
Silviano Santiago, Folha de S. Paulo, São Paulo, 1º de dezembro de 2002. Caderno mais!
Eu tinha que ler Os Sertões se queria ser um escritor brasileiro. Meti isso na cabeça e entreguei-me à tarefa obrigatória. No início foi penoso, mas, bravamente, atravessei as áridas páginas da primeira parte, ‘A Terra’, e passei ao capítulo seguinte, de travessia igualmente difícil, pelo menos até chegar aos tipos humanos – o sertanejo, o vaqueiro, o jagunço… Meu interesse era conhecer a história de Antônio Conselheiro, que se tornara lendária, tema dos cordéis da infância. E, quando a ela cheguei, não larguei mais o livro até a última página do derradeiro capítulo.
Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, São Paulo, 1º de dezembro de 2002. Caderno mais!
Os Sertões, verdadeiro monumento de nossas letras, capital para a compreensão da mentalidade sertaneja… Neste livro as durezas e desconformidades da linguagem são esquecidas na extraordinária força pitoresca e dramática da narrativa.
Manuel Bandeira
Um livro os concretiza [nacionalismo, independência e autonomia intelectual] a propósito de tema nacional, em que entra a terra do Brasil, o coração mesmo profundo dele, o sertão do Brasil, a mais legítima gente brasileira, porque nem é mais o íncola, nem o africano, nem o reinol, porém o derivado deles, o brasileiro caldeado e no seu esboço mais definido, – o sertanejo; e esse livro se escreve em estilo brasileiro, com a ênfase, a truculência, o excesso, a exuberância, o brilho, o arremesso, a prodigalidade, a magnificência, que nos caracterizam e talvez nos singularizem. É o livro e o estilo de Euclides da Cunha. Todos os brasileiros se reveem nestas páginas que idealmente todos queriam poder escrever, porque é assim que se exprimiriam, se tivessem o dom e a arte da escrita literária. É por isso o estilo nacional.
Afrânio Peixoto, Poeira da estrada, 2. ed., Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1921.
Creio que [Os Sertões] vale por muitas coisas, mas sobretudo porque é como um manual de latino-americanismo, quer dizer, neste livro se descobre primeiro o que não é a América Latina. A América Latina não é tudo aquilo que nós importávamos. Não é tampouco a Europa, não é a África, nem é a América pré-hispânica ou as comunidades indígenas — e ao mesmo tempo é tudo isso mesclado, convivendo de uma maneira muito áspera e difícil, às vezes violenta. E de tudo isso resultou algo que muito poucos livros antes de Os sertões haviam mostrado com tanta inteligência e brilho literário.
SETTI, Ricardo. Conversas com Vargas Llosa. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 39.
…discutir Os sertões é coisa para séculos.
José Calasans, Euclidianos e Conselheiristas (1986)
“Os Sertões” revela que a Literatura deve ser o depoimento da época, dos homens, o retrato profundo dos flagrantes que definem o comportamento dos seres e seu condicionamento: nisto residirá a mensagem, a significação, a comunicação.
Naief Sáfady apud Adelino Brandão, Euclides da Cunha e os militares (Jundiaí, Panorama, 1971), p. 25.
Euclides da Cunha disse a verdade no país da mentira e foi original no país do plágio.
Agripino Grieco. Foto: Flávio de Barros, Simulação de “Prisão de jagunços pela cavalaria”. Canudos, BA, 1897. Coleção Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Arquivo digital. Acervo Instituto Moreira Salles, Museu da República.
[acerca da repercussão de Os Sertões]
Euclides dormiu obscuro e acordou célebre.
Silvio Romero em discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras. Ilustração: Detalhe de capa de Os Sertões pela Francisco Alves.
Os Sertões são o único livro digno de tal nome, que se publicou no Brasil depois de 15 de novembro.
Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto, sobre Os Sertões, segundo testemunho de dr. Gusmão mencionado por Euclides da Cunha em carta ao pai, 25 fev. 1903.