Apelidos

Aconteceu em agosto: casos e causos das Semanas Euclidianas

Gato Félix. Ilustração: Luiz Carlos Capellano

Flor Heleno, Bonitinho, Zé do Boi, Menina Moça, Pindorama, João Grandão, Pequeno Buda, Sinatra, Bete Cida, Zidane, Pinguim, God, Gato Félix, Mascote, Mascote II, Brad o Piti, Policarpo Esteter, Deus, Pai Veio, Zifia são alguns dos apelidos que foram aparecendo no decorrer de muitas Semanas Euclidianas.

Alguns participantes assíduos tiveram mais de um apelido no decorrer dos anos, isso porque à medida que o tempo passa, surge a necessidade de um novo que atenda  às necessidades do momento. E apelidos são assim mesmo, expressam uma característica do apelidado ou até mesmo um sentimento.

Foi o que aconteceu com uma determinada pessoa assídua por mais de 30 anos e grande colaborador do movimento euclidiano. Começou como maratonista, virou professor e aí  “caiu na boca do povo”.

Filho da terra, sempre se empenhou em preparar bem seus alunos, também filhos da terra, para a participação no certame, mas  a vida tem suas idas e vindas e conduziu o nobre professor a trocar de santo.  Mudou-se de São José para São Joaquim.

Mudou e não conversou, foi chegando e colocando suas condições de trabalho, agosto não é só mês de cachorro louco não, é o mês de Semana Euclidiana também. Com isso já foi dando o ar da graça e seus alunos logo perceberam que ele era exigente e, como todo bom aluno “safo”, todos compreenderam que precisavam agradar ao professor e nada melhor do que se preparar e bem para a tal Semana Euclidiana.

Na primeira participação já viram que a coisa era boa mesmo e não foi difícil convencer os demais colegas a participarem também e, ano após ano essa participação foi ficando cada vez mais concorrida a ponto de ser preciso fazer exame seletivo para permitir que os jovens participassem.

Não é preciso dizer que a concorrência entre os jovens também fez com que  o nível dos participantes fosse melhorando cada vez mais. Aí um fenômeno intrigante aconteceu, mas nem tanto, as garotas passaram a ser as participantes mais fiéis desse certame, para alegria da rapaziada.

Chegavam ao ponto de questionar se o processo de seleção do professor levava em conta os quesitos de conhecimento sobre a obra euclidiana, ou beleza, como se aos 15, 16, ou 17 anos a beleza não fosse algo nato.

No início eram os pais que traziam os alunos, depois passaram a tomar o ônibus na rodoviária, tempos depois, a cidade já enviava sua própria condução (peruas, micro-ônibus, ou ônibus) cheia de belas maratonistas sob o comando do imbatível professor.

Todos os anos, quando chegava à porta da Casa Euclidiana, o professor com sua dúzia e meia de belas alunas e um ou outro marmanjo no grupo, imediatamente instalava-se o alvoroço. Alguns veteranos montavam plantão no local à espera do que apelidaram de o ônibus do sogro de São José.

Como já foi dito, a vida tem suas idas e vindas e desta vez o professor destrocou de santo, deixando São Joaquim  voltou a São José após muitos anos de trabalho por lá,  para grande frustração da rapaziada.

Esse professor ficou conhecido como “O Mascate do Amor”, aquele que traz as mais belas mercadorias. Contudo, os rapazes não se desesperaram, pois, segundo eles, a grande vantagem das mercadorias d’O Mascate do Amor é que embora sejam mais atrativas do que as mercadorias da Rua 25 de março, elas têm vida e vontade e, com certeza, virão por conta própria.

Dessa forma é que surgem os apelidos de maneira despretensiosa, mas útil…

SILVA, Rachel Aparecida Bueno da. Apelidos. In: Aconteceu em agosto: casos e causos das Semanas Euclidianas. pref. de Fausto Salvadori Filho. São Paulo: Casa do Novo Autor, 2012. pp. 65-6. E-book. Disponível em: https ://euclidesite.com.br/aconteceu-em-agosto. Acesso em: [data]. Reprodução permitida somente para fins educacionais e desde que citada a fonte.