Sinceridade

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Repito: não me preocupo com o destino literário daquele livro que é, afinal, um desgarrão na rota da minha engenharia rude; ele tem o mérito único da sinceridade; é o depoimento de uma testemunha e terá extraordinário valor se conseguir fornecer a futuros historiadores uma página única ― mas verídica e clara.

Euclides da Cunha em carta a José Veríssimo, Lorena, 24 de dezembro de 1901.

“Os Sertões” por Monteiro Lobato

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…estudou Euclides da Cunha um dos dramas de nossa crueldade. Os outros, que o temos em número maior do que se supõe, jazem em branco, à espera de novos Euclides, suficientemente artistas para fixá-los em obra de verdade e arte. No geral esses dramas permanecem ignorados do país. (…) Canudos teve a sorte de topar em seu caminho um a serviço de uma consciência. Não fora isso, e o drama lá estaria hoje reduzido à mentiralha de encomenda dum relatório tendencioso, apologético para o vencedor, capaz de meter na história, como heróis, a gente que Euclides atou ao pelourinho. (…) O meio de neutralizá-lo é um só: contrapor-lhes Euclides. Infelizmente os Euclides são raros, e centenas de dramas se desenrolam antes que surja um.

Monteiro Lobato, 1920

“Os Sertões” por Samuel Putnam

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[Os Sertões] é uma das mais admiráveis obras que se tem escrito em todos os tempos. Quanto posição que merece na estima e afeição de todo um povo, só pode ser comparada à Divina Comédia, ou ao Dom Quixote. Como os grandes clássicos, Os Sertões é a expressão profunda da alma de uma raça, tanto na sua força, quanto na sua confessada fraqueza.

Samuel Putnam (tradutor d‘Os sertões para a língua inglesa), 1948