Plácido de Castro

Plácido de Castro
Gravura de José Plácido de Castro, publicada em A Pátria Brazileira, de Virgílio Cardoso de Oliveira (1903)

[Plácido de Castro] era uma alma desassombrada e heroica. Tinha talvez muitos defeitos. Mas não se pode negar excepcional valor a quem, de fato, dilatou o cenário de nossa história.

Euclides da Cunha em carta a Vicente de Carvalho, Rio de Janeiro, 18 de setembro de 1908.

Urbanização

aspas

A vida entre nós, como já te disse noutra carta, mudou. Há um delírio de automóveis, de carros, de corsos, de banquetes, de recepções, de conferências, que me perturba — ou que me atrapalha, no meu ursismo incurável. Dá vontade da gente representar a ridícula comédia da virtude, de Catão, saindo por estas ruas de sapatos rotos, camisa em fiapos e cabelos despenteados. Que saudades da antiga simplicidade brasileira… (Mas isto é um desabafo réles, de sujeito que nunca resolveu o problema complicado de um laço de gravata!…). Adiante.

Euclides da Cunha em carta a Domício da Gama, Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1907.

Política

aspas

Estou na reserva desde os vinte anos, quadra em que me assaltou o pessimismo incurável com que vou atravessando esta existência no pior dos piores países possíveis e imagináveis. Talvez não acredites: ando nas ruas desta aldeia de avenidas, com as nostalgias de um inglês “smart” perdido numa enorme aringa da África Central. Nostalgia e revolta: tu não imaginas como andam propícios os tempos a todas as mediocridades. Estamos no período hilariante dos grandes homens-pulhas, dos Pachecos empavesados e dos Acácios triunfantes. Nunca se berrou tão convictamente tanta asneira sob o sol! (…); em cada degrau de Secretaria um salvador das instituições e da Pátria. Da noite para o dia surgem não sei quantos imortais… É asfixiante! A atmosfera moral é magnífica para batráquios. Mas apaga o homem.

Euclides da Cunha em carta a Otaviano Vieira, 8 de agosto de 1909.