Aconteceu em agosto: casos e causos das Semanas Euclidianas
É assim que sinto as Semanas Euclidianas, sempre no meu coração.
Participei pela primeira vez em 1980 e, desde então, nunca mais consegui deixar de estar presente, com exceção do ano de 1995, quando eu esperava a chegada de meu filho João Victor, que, por pouco, não chegou em São José do Rio Pardo.
Durante essas três décadas vivi muitas histórias, ouvi outras tantas e sempre contei quase todas. As pessoas sempre pediram para que fossem registradas a fim de que não se perdessem com o tempo.
O Dr. Osvaldo Galotti, nosso querido Galotti, grande euclidiano e responsável pelo início formal da Semana Euclidiana, e quem me convidou a entrar para o Ciclo de Estudos como professora, um dia sugeriu-me que escrevesse essas histórias para poder mostrar às gerações futuras um pouco daquilo que chamou de “a alma da Semana”. Sempre relutei, afinal acho que contá-las a pequenos grupos, sentada na praça, nos bares, ou aos pés do Cristo, era mais prazeroso do que escrevê-las, mas o tempo vai passando e algumas coisas vão se perdendo.
Algumas dessas histórias são contadas ano após ano, antes mesmo de minha chegada e, por isso mesmo não sabemos sua veracidade, mas é preciso registrá-las, sejam elas verdadeiras, ou pertencentes ao imaginário popular. É preciso mostrar às pessoas o quanto a Semana Euclidiana é humana.
O jornalista e escritor Antonio Contente, em uma de suas crônicas publicadas no Jornal Correio Popular, escreveu que uma crônica nasce “com o entrelaçamento de coincidências. Reais ou imaginárias…”
Não tenho pretensões literárias com essas crônicas e já antecipadamente quero dizer que a intenção é apenas homenagear a todos aqueles que em algum momento se fizeram presentes nesses 100 anos de Semanas Euclidianas, o maior movimento cultural ininterrupto desse país.
Escrever essas memórias é poder reviver tempos mágicos e de encantamento.
Minha relação com São José do Rio Pardo começou muito antes da Semana Euclidiana, aliás, digo que começou antes mesmo de meu nascimento. Minha avó materna, embora tenha sido criada na cidade de Jaboticabal, nasceu em São José e meus avós paternos ao se casarem, passaram a lua de mel também em São José, mais especificamente no Hotel Brasil, o hotel da janela histórica.
Como a memória é seletiva e sempre buscamos relembrar coisas que nos são significativas, para mim, a escrita dessas crônicas me faz pertencer a São José do Rio Pardo e S. José do Rio Pardo pertencer a mim.
Meu muito obrigada a essa cidade e a sua gente por manterem vivo um movimento cultural tão importante e por me permitirem passar ali momentos tão felizes.
Rachel Aparecida Bueno da Silva
Abril de 2012