Aconteceu em agosto: casos e causos das Semanas Euclidianas
Anos após o embaraçoso episódio, ele voltou a se repetir com outros protagonistas e em novo cenário, em outra data e com um público bem maior.
Foi logo após a comemoração do Episódio Republicano. Parece-me que o Episódio Republicano tem o poder de atrair situações inusitadas e desta vez não foi diferente.
Naquele dia, havia algo no ar que anunciava acontecimentos hilários para uns, embaraçosos para outros e tudo começou cedo naquele 11 de agosto…
À porta do centenário Hotel Brasil posicionavam-se autoridades, professores e organizadores do evento. Do outro lado da rua a população, maratonistas, a banda e, na histórica janela, o orador nervoso e cheio de responsabilidade pelo ato que iria protagonizar.
Quando as coisas dão pra dar errado, parece que tudo conspira a favor e foi o que aconteceu. Da janela, o orador se posiciona cioso de seu dever, pois ocuparia um lugar antes ocupado muitas vezes por um grande amigo de Euclides e todos lhe diziam: – “Ah, se ele estivesse aqui, você não passaria por esta janela dessa forma tão sem cerimônia.”
O desavisado e nervoso orador não esperou muito para iniciar uma série de acontecimentos embaraçosos, pra ele, mas engraçados para quem assistia a tudo do lado de fora, principalmente para quem hoje conta. Ao iniciar sua fala, o som parou, foi acudido em tempo, falou mais um pouco, derrubou o microfone janela abaixo, resolveu fazer o discurso como o antecessor: no grito e, bota grito nisso.
Foi apresentar algumas imagens num telão, bateu um vento e o mesmo foi fazer companhia para o microfone, no chão. Convocou a banda para executar o Hino Nacional, aí mudou o foco das atenções.
Um cão, desses que vivem pelas ruas, não gostou da performance da banda e iniciou um latido louco em direção a um dos músicos que executaria um trompete, como que tentando impedi-lo de tocar. Aí a coisa ficou pessoal entre o músico do trompete e o cachorro. Um de frente pro outro se desafiando, até que o cachorro sem dono avançou pro músico e o derrubou ao chão. Aquela noite estava tal qual filme de Pastelão, precisava acabar logo, antes que mais risadas fossem arrancadas do público, afinal aquele momento era de seriedade e não de comédias, e assim foi feito.
Os proprietários do Hotel Brasil, elegantemente, num gesto de muito carinho e simpatia, oferecem, ao término das comemorações, um pequeno coquetel às autoridades presentes, professores, músicos e hóspedes e nesse ano não foi diferente. Ao serem convidados para entrar no hotel, o prefeito dirigiu-se ao orador e o cumprimentou pelo discurso, numa clara tentativa de aliviar o constrangimento vivido.
O que a autoridade não sabia é que ele mesmo viveria a cena que encerraria aquela noite, assumindo para si todas as atenções vividas minutos antes.
Maratonista é maratonista em qualquer tempo e em qualquer situação e, ali, ao ver a proprietária do hotel proferir o convite às autoridades para o coquetel, infiltrou-se ligeiro no grupo, procurando não ser percebido para apanhar alguns docinhos, porém, neste ato tresloucado, procurando não ser descoberto, na correria, passou o pé por entre as pernas do prefeito da cidade, que, embora acidentalmente, foi parar no chão, levado por uma literal rasteira, protagonizando mais uma vez a queda do poder.