Aconteceu em agosto: casos e causos das Semanas Euclidianas
O episódio narrado ocorreu quando os Bailes Brancos já tinham sido extintos e dançar não era mais a principal diversão.
Pensando em reviver a agitação e a correria atrás dos trajes para o baile, a dupla veterana resolveu assustar os maratonistas calouros (naquele tempo ainda não existia a expressão “Bicho”) condicionando a participação deles na maratona intelectual a uma modesta contribuição.
Vale lembrar que naqueles anos o que mais assustava um maratonista era a ameaça de ser deportado para sua cidade natal por mau comportamento, ou ser impedido de realizar a prova final, pois foi disso que a dupla se valeu.
A cada ano, os maratonistas ficavam alojados em lugares diferentes, sempre contando com a boa vontade das instituições riopardenses que não mediam esforços para alojar os jovens e para que a semana fosse um sucesso.
Vendo esse movimento acontecer todos os anos, a dupla lançou uma nobre ideia: A construção da Casa do Maratonista! Local que abrigaria os maratonistas em agosto e nos demais meses seria usada como alojamento para outros eventos. A ideia era boa, mas a ação duvidosa.
A cada maratonista que chegava à rodoviária no dia 08 de agosto, e eles estavam lá na chegada de quase todos os ônibus, eles perguntavam:
– Você trouxe o tijolo da sua cidade?
– ?????
– Como? Que tijolo?
– O tijolo para a construção da Casa do Maratonista que está sendo construída com os esforços de todos nós. A orientação foi junto com a ficha de inscrição.
– !!!!
– Não viu? Ai… ai… ai… Não leu direito a ficha, poderá ter sua prova não corrigida.
– !!!!!
– A entrega se dá sempre na Herma, todos os anos, na solenidade de encerramento da Semana.
Não é preciso dizer que, naquele tempo em que os componentes do grupo Polegar ainda eram dedos mindinhos, os jovens acreditavam facilmente em veteranos metidos a espertos. Só que os espertos se esqueceram de desfazer a mentira ao longo da semana, na verdade havia tanta traquinagem para ser pensada e feita que essa logo cairia no esquecimento.
Cairia no esquecimento se, no dia 15 de agosto, na Herma, durante o encerramento da Semana, e para o espanto dos organizadores e surpresa dos veteranos, muitos tijolos não tivessem aparecido empilhados com cartazes em defesa da construção da tão sonhada Casa do Maratonista.
Junto aos tijolos chegou um cidadão muito bravo, reclamando:
– Por isso que a minha construção não vai pra frente, “tá aí” – o sumiço dos tijolos!
Bem! Se pelo menos tivéssemos feito isso anualmente, certamente já teríamos erguido algumas paredes da Casa do Maratonista.
Essa é mais uma das histórias de Semana Euclidiana e, se alguém duvidar, há fotos que comprovam.