Liberdade

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A liberdade, a verdadeira liberdade, não é uma coisa que se decrete, que possa sair do espírito dos legisladores, como Minerva, armada e pronta à realização da sua ingente tarefa.
É como direito, um produto cultural das sociedades, e como tal evolve, seguindo a direção de um desenvolvimento superior da inteligência e dos sentimentos.

Euclides da Cunha, Crônicas, Série Dia a Dia, O Estado de S. Paulo, 3 abr. 1892.

Diogo Feijó

Diogo Feijó
Estátua de Diogo Antônio Feijó, parte integrante do Monumento à Independência, no Ipiranga, São Paulo, Brasil

A figura de Diogo Feijó, que a domina [a Regência], sobranceia todo o nosso passado. Tem linhas esculturais, que ainda não se reproduziram em nossos homens públicos. Que outros admirem os marechais dominadores de rebeldias dentro do círculo de aço dos batalhões fiéis; eu prefiro admirar aquele padre estupendo que com as mãos inermes quebrava as espadas dos regimentos sublevados. Ninguém mais do que ele nobilitou a lei, restaurou a autoridade e dignificou o governo. Mas, embatendo na sua alma antiga, quebrou-se, totalmente, a vaga de uma revolução. E ele fez o remanso largo do segundo Império…

Euclides da Cunha, Conferência Castro Alves e seu tempo, S. Paulo, Centro Acadêmico XI de Agosto, 1907.

Política

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Estou na reserva desde os vinte anos, quadra em que me assaltou o pessimismo incurável com que vou atravessando esta existência no pior dos piores países possíveis e imagináveis. Talvez não acredites: ando nas ruas desta aldeia de avenidas, com as nostalgias de um inglês “smart” perdido numa enorme aringa da África Central. Nostalgia e revolta: tu não imaginas como andam propícios os tempos a todas as mediocridades. Estamos no período hilariante dos grandes homens-pulhas, dos Pachecos empavesados e dos Acácios triunfantes. Nunca se berrou tão convictamente tanta asneira sob o sol! (…); em cada degrau de Secretaria um salvador das instituições e da Pátria. Da noite para o dia surgem não sei quantos imortais… É asfixiante! A atmosfera moral é magnífica para batráquios. Mas apaga o homem.

Euclides da Cunha em carta a Otaviano Vieira, 8 de agosto de 1909.