… “uns com clavinas velhas na maior parte sem fechos, e outros com pedaços de pau porque nem todos chegam a possuir aquelas clavinas velhas: distribui-se-lhes quatro ou seis onças de pólvora, às vezes podre, porque lhe tem a umidade e o tempo extorquido o salitro, e um punhado de chumbo de atirar aos pássaros, não só porque não aparecem outras munições melhores, mas também porque ainda que aparecessem não haveria bocas de fogo capazes de sofrê-las. Descalços de pé e perna é que quase todos eles se apresentam, e sendo obrigados a marchar, carregando sobre seus ombros quanto possam comer por oito dias, e às vezes beber, se tem que transitar por matas secas…”
Era deste jeito, consoante o depoimento incorruptível de um cronista, que arremetiam os “bandeirantes” com a terra. Estamos, como se vê, muito longe do aparato garboso que a fantasia empresta aos grandes caçadores de escravos, de minas, e de perigos. Nem a couraça rebrilhante, nem a própria bandeira desfraldada – que a não tinham – simbolizando um ideal ou um programa. Os nossos máximos heróis aparecem-nos na história descalços de pé e perna…
E foi, mais ou menos assim que
Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão.
Conforme o robusto alexandrino de Bilac.
CUNHA, Euclides da. O último bandeirante. In: EUCLIDESITE. Obras de Euclides da Cunha. Dispersos e fragmentos. São Paulo, 2021. Disponível em: : https://euclidesite.com.br/obras-de-euclides/dispersos-e-fragmentos/o-ultimo-bandeirante/ Acesso em: [data]. Reprod. sem as notas do editor de: CUNHA, Euclides da. O último bandeirante (Manuscrito em caderneta, c. 1906-9). In: CUNHA, Euclides da. Ensaios e inéditos. Coord. Leopoldo M. Bernucci, Francisco Foot Hardman, org. estabel. de texto, prefácio e notas por Leopoldo M. Bernucci, Felipe Pereira Rissato. São Paulo: Editora UNESP, 2018. p. 89-90. Acervo Cecil H. Green Library, Stanford University.