A nossa Vendéia

O Estado de S. Paulo, 14 de março de 1897

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O relatório apresentado em 1888 pelo sr. José C. de Carvalho sobre o transporte do meteorito de Bendegó, os trabalhos do ilustre professor Caminhoá e algumas observações de Martius e Saint-Hilaire fazem com que não seja de todo desconhecida a região do extremo norte da Bahia determinada pelo vale do Irapiranga ou Vaza-Barris, rio em cuja margem se alevanta a povoação que os últimos acontecimentos tornaram histórica — Canudos.

Pertencente ao sistema huroniano ou antes erigindo-se como um terreno primordial indefinido entre aquele sistema e o laurenciano, pela ocorrência simultânea de quartzitos e gnaisses graníticos característicos, o solo daquelas paragens, arenoso e estéril, revestido, sobretudo nas épocas de seca, de vegetação escassa e deprimida, é, talvez mais do que a horda dos fanatizados sequazes de Antônio Conselheiro, o mais sério inimigo das forças republicanas.

Embora com a regularidade que lhes é inerente passem sobre ele impregnados de umidade adquirida em longa travessia do Atlântico, na direção de noroeste, os ventos alísios — a ação benéfica destes é em grande parte destruída, simultaneamente, pela disposição topográfica e pela estrutura geognóstica da região.

Assim é que falta a esta, talvez, correndo em direção paralela à costa, uma alta cadeia de montanhas — destinadas na física do globo a individualizar os climas, segundo a expressão sempre elegante de Humboldt — na qual refletindo ascendam aquelas correntes às altas regiões aonde um brusco abaixamento de temperatura, determinado pela dilatação num meio rarefeito, origine a condensação dos vapores e a chuva.

A observação do relevo da nossa costa justifica em grande parte esta hipótese despretensiosamente formulada. De fato, terminada a majestosa escarpa oriental do planalto central do Brasil, a serra do Mar, que desaparece na Bahia, diferenciada em serras secundárias, acentua-se de modo notável para o norte a depressão geral do solo de ondulações suaves, patenteando num ou noutro ponto apenas, sem continuidade, as massas elevadas do interior.

Por outro lado, a estrutura geognóstica daquela região, composta em grande parte de rochas dotadas de alto poder absorvente para o calor, determina naturalmente a ascensão quase persistente de grandes colunas de ar, ardentíssimas, que dissipam os vapores ou afastam as nuvens que encontram.

Da concorrência de tais fatos, acreditamo-lo, resulta provavelmente a causa predominante das secas que periodicamente assolam aquelas paragens, estendendo-se com maior intensidade aos estados limítrofes do interior.

Daí a aridez característica, em certos meses, dos sertões do Norte.

Nessas quadras a relva requeimada, através da qual, como única vegetação resistente, coleiam cactos flageliformes reptantes e ásperos, dá aos campos, revestidos de uma cor parda intensa, a nota lúgubre da máxima desolação; o solo fende-se profundamente, como se suportasse a vibração interior de um terremoto; as árvores desnudam-se, despidas das folhagens, com exceção do juazeiro de folhas elípticas e coriáceas, — e os galhos que morreram ficam por tal modo secos que, em algumas espécies, basta o atrito de um sobre outro para produzir-se o fogo e o incêndio subsequente de grandes áreas.

E sobre as chapadas desertas e desoladas alevantam-se quase que exclusivamente os mandacarus (cereus) silentes e majestosos; árvores providenciais em cujos galhos e raízes armazenam-se os últimos recursos para a satisfação da sede e da fome ao viajante retardatário — cactáceas gigantes que, revestidas de grandes frutos de um vermelho rutilante e subdividindo-se com admirável simetria em galhos ascendentes, igualmente afastados, patenteiam a conformação típica e bizarra de grandes candelabros firmados sobre o solo… “Então”, diz Saint-Hilaire, “um calor irritante acabrunha o viajante, uma poeira incômoda alevanta-se sob seus passos e algumas vezes mesmo não se encontra água para mitigar a sede. Há toda a tristeza de nossos invernos com um céu brilhante e os calores do verão.”

Sem transição apreciável, entretanto, a estas secas intensas e nefastas, sucedem, bruscamente às vezes, as quadras chuvosas e benéficas: impetuosas correntes rolam sobre o leito de rios que dias antes ainda completamente secos davam ideia de largas estradas tortuosas, lastradas de quartzito fragmentado e grés duríssimo, conduzindo a lugares remotos do sertão.

E sobre os campos, em cujo solo depauperado vingavam apenas bromélias resistentes e cactos esguios e desnudos, florescem o umbuzeiro (Spondias tuberosa) de saboroso fruto e folhas dispostas em palmas; a jurema (acacia) predileta dos caboclos e os mulungus interessantíssimos em cujos ramos tostados e sem folhas desdobram-se como flâmulas festivas de grandes flores de um escarlate vivíssimo e deslumbrante.

“O ar que então se respira”, diz o ilustre professor Caminhoá, “tem um aroma dos mais agradáveis e esquisitos. Uma temperatura de 16° a 18° à noite e pela manhã obriga a procurar agasalho aos que poucos dias antes dormiam ao relento e com calor. As aves que tinham emigrado para as margens e lugares próximos dos rios e mananciais voltam a suas habitações. Foi ali que compreendemos quanto é bem dado aos papagaios o nome específico de festivus. Com efeito, quando chegam os bandos destas aves a gritarem alegremente, acompanhadas de um sem-número de outras, começam logo a se animar aquelas paragens e como que a natureza desperta.

“Então, o sertanejo é feliz e não inveja nem mesmo os reis da Terra!”

Como se vê naquela região, intermitentemente, a natureza parece oscilar entre os dois extremos — da maravilhosa exuberância à completa esterilidade. Este último aspecto, porém, infelizmente, parece predominar.

A este inconveniente alia-se um outro, derivado da disposição geral do terreno. Assim é que de todo contraposta à topografia habitual dos nossos campos do Sul — ligeiramente ondulados e descambando em suaves declives para os inúmeros vales que os rendilham, caracterizam-se aqueles pelas linhas duras e incisivas das fundas depressões, terminando os tabuleiros bruscamente em escarpas abruptas, separando-se os cerros por desfiladeiros estreitos, flanqueados de grotas cavadas a pique…

Com muito maior intensidade que no Sul observa-se ali a ação modificadora dos elementos sobre a terra.

Nos lugares em que a ação mecânica das águas determinando uma erosão mais enérgica faz despontar a rocha granítica subjacente, observa-se quase sempre um fenômeno interessante. Esta última apruma-se, largamente fendida em direções quase perpendiculares dando a ilusão de lanços colossais e semiderruídos de ciclópica muralha, nos quais as lajes enormes dispõem-se às vezes umas sobre outras, com admirável regularidade. Este fato, largamente observado por Livingstone nas baixas latitudes africanas, traduz a inclemência do meio.

Patenteia a alternativa persistente do calor dos dias ardentíssimos e o frio da irradiação noturna de onde resulta a disjunção da rocha em virtude deste jogo perene de dilatações e contrações.

Estes rudes monumentos, aos quais não se equiparam talvez os dolmens da Bretanha, quebram em grande parte a monotonia da paisagem avultando, solenes, sobre o plano das chapadas…

*

É sobre estes tabuleiros, recortados por inúmeros vales de erosão, que se agitam nos tempos de paz e durante as estações das águas, na azáfama ruidosa e álacre das vaquejadas os rudes sertanejos completamente vestidos de couro curtido — das amplas perneiras ao chapéu de abas largas — tendo a tiracolo o laço ligeiro a que não escapa o garrote mais arisco ou rês alevantada, e pendente, à cinta, a comprida faca de arrasto, com que investe e rompe intrincados cipoais.

Identificados à própria aspereza do solo em que nasceram, educados numa rude escola de dificuldades e perigos, esses nossos patrícios do sertão, de tipo etnologicamente indefinido ainda, refletem naturalmente toda a inconstância e toda a rudeza do meio em que se agitam.

O homem e o solo justificam assim de algum modo, sob um ponto de vista geral, a aproximação histórica expressa no título deste artigo. Como na Vendéia o fanatismo religioso que domina as suas almas ingênuas e simples é habilmente aproveitado pelos propagandistas do império.

A mesma coragem bárbara e singular e o mesmo terreno impraticável aliam-se, completam-se. O chouan fervorosamente crente ou o tabaréu fanático, precipitando-se impávido à boca dos canhões que tomam a pulso, patenteiam o mesmo heroísmo mórbido difundido numa agitação desordenada e impulsiva de hipnotizados.

A justeza do paralelo estende-se aos próprios reveses sofridos. A Revolução Francesa que se aparelhava para lutar com a Europa, quase sentiu-se impotente para combater os adversários impalpáveis da Vendéia — heróis intangíveis que se escoando céleres através das charnecas prendiam as forças republicanas em inextricável rede de ciladas…

Entre nós o terreno, como vimos, sob um outro aspecto embora, presta-se aos mesmos fins.

Este paralelo será, porém, levado às últimas consequências. A República sairá triunfante desta última prova.

O Estado de S. Paulo, 17 de julho de 1897

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Sob este título, há tempos, ao chegar a notícia de lamentável desastre, descrevemos palidamente a região onde nesta hora, com extraordinário devotamento, batem-se as forças republicanas.Adotemo-lo de novo.Infelizmente prevíamos os perigos futuros e aquela aproximação histórica, então apenas esboçada, acentua-se definitivamente. A situação não pode, entretanto, surpreender a ninguém.Os tropeços que se antolham às forças da República, a morosidade das operações de guerra e os combates mortíferos realizados, surgem naturalmente das próprias condições da luta, como um corolário inevitável.O nosso otimismo impenitente, porém, que preestabelecera às marchas das colunas do general Artur Oscar, a celeridade e o destino feliz das legiões de César, mal sofreia uma nova desilusão e caracteriza como um insucesso, como um prenúncio inequívoco de derrota, o que nada mais é do que um progredir lento para a vitória.Esquecemo-nos de exemplos modernos eloquentíssimos. A Inglaterra enfrentando os zulus e os afgãs, a França em Madagáscar e a Itália recentemente, às arrancadas com os abissínios, patenteiam-nos entretanto reveses notáveis de exércitos regulares aguerridos e bravos e subordinados a uma disciplina incoercível, ante os guerrilheiros inexpertos e atrevidos, assaltando-os em tumulto, desordenadamente e desaparecendo, intangíveis quase, num dédalo impenetrável de emboscadas.A profunda estratégia européia naquelas paragens desconhecidas é abalada por uma tática rudimentar pior do que a tática russa do deserto.

De fato, nada pode perturbar com maior intensidade o mais seguro plano de campanha do que esse sistema de guerra que sem exagero de frase se pode denominar — a tática da fuga — na qual, adaptadas de um modo singular ao terreno e invisíveis como misteriosas falanges de duendes, as forças antagonistas irrompem inopinadamente de todas as quebradas, surgem de modo inesperado nas anfractuosidades das serras, nas orlas ou nas clareiras das matas e, fugindo sistematicamente à batalha decisiva, diferenciam e prolongam a luta, numa sucessão ininterrupta de combates rápidos e indecisos.

A organização mais potente de um exército, que é um organismo superior com órgãos e funções perfeitamente especializadas, vai-se, assim, em sucessivas sangrias, deperecendo até a adinamia completa, ante as hostes adversárias, de uma organização rudimentar, cuja força está na própria inconsistência, cujas vantagens estão na própria inferioridade e que, desbaratados hoje, revivem amanhã, dos próprios destroços, como pólipos.

Ora, quem observa, esclarecido embora por escassas informações, a disposição topográfica desse trecho dos sertões da Bahia, para o qual se dirige agora toda a atenção do nosso país, reconhece de pronto, que ele se presta de modo notável à guerra de recursos com todo o seu cortejo de reveses.

Sem um sistema orográfico definido, na significação rigorosa do termo, a região caracteriza-se, de um modo geral, pela feição caótica e acidentada que lhe imprimiu o tumulto das águas nas épocas remotas em que a ação violenta destas, arrastando as camadas de grés que a revestiam, desnudou-a em muitos pontos, aprofundando-se em outros segundo a resistência variável das rochas até aos terrenos mais antigos.

Daí o seu aspecto bizarro e selvagem.

Em que pese a sua imobilidade aparente, a natureza, ali, nas linhas vivas dos plateaux que terminam bruscamente em paredões a prumo, separados pelos vales profundos a que ladeiam escarpas abruptas e a pique, cindida pelas quebradas ou pelos desfiladeiros que recortam as serras, aprumando-se mais longe em afloramentos imensos de gnaisses “cujas formas fantásticas recordam ruínas ciclópicas” — parece haver estereografado toda a desordem, toda a ação violenta e atumultuada dos elementos que a assaltaram.

A serra do Aracati, agremiação incoerente de serrotes contornando as caatingas que se desdobram, até o Irapiranga, na direção média de NE, inflete vivamente antes de chegar a Monte Santo, numa direção perpendicular à anterior e subdividindo-se em morros isolados, mas próximos, determina entre aquela localidade e a de Canudos a linha mais acidentada, talvez, de toda a zona.

Prolongando-se para o norte, ao atingir o morro da Favela, eixo das operações do nosso exército, os grandes acidentes de terreno derivam para leste e depois para o norte e subsequentemente para noroeste, como que estabelecendo em torno de Canudos um círculo de cumeadas, cortado pelo Vaza-Barris em Cocorobó.

A marcha do exército republicano opera-se nesse labirinto de montanhas.

Não é difícil aquilatar-se a imensa série de obstáculos que a perturba.

Por outro lado, na quadra atual, sob o influxo das chuvas, revestem-se os amplos tabuleiros, as encostas das serras e o fundo dos vales, de uma vegetação exuberante e forte, vegetação intensamente tropical, cerrados extensos impenetráveis, em cujo seio a trama inextricável das lianas se alia aos acúleos longos e dilacerantes dos cactos agrestes.

Vestido de couro curtido, das alparcatas sólidas ao desgracioso chapéu de abas largas e afeiçoado aos arriscados lances da vida pastoril, o jagunço traiçoeiro e ousado, rompe-os, atravessa-os, entretanto, em todos os sentidos, facilmente, zombando dos espinhos que não lhe rasgam sequer a vestimenta rústica, vingando célere como um acrobata as mais altas árvores, destramando, destro, o emaranhado dos cipoais.

Não há persegui-lo no seio de uma natureza que o criou à sua imagem — bárbaro, impetuoso, abrupto —.

Caindo inopinadamente numa emboscada, ao atravessarem uma garganta estreita ou um capão de mato, os batalhões sentem a morte rarear-lhes as fileiras e não vêem o inimigo — fulminando-os do recesso das brenhas ou abrigados pelos imensos blocos de granito que dão a certos trechos daquelas paragens uma feição pitoresca e bizarra, amontoado no alto dos serros alcantilados, como formas evanescentes de antigas fortalezas derruídas…

Compreendem-se as dificuldades da luta nesse solo impraticável quase.

A Espanha não o teve melhor para abalar o exército napoleônico que nela se exauriu depois de atravessar numa marcha triunfal quase que a Europa inteira; não o tem mais apropriado a ilha de Cuba, hoje, revivendo, um século depois, numa inversão completa de papéis, contra a Espanha, o mesmo processo de guerra perigosíssimo e formidável.

Ora, a estes obstáculos de ordem física aliam-se outros igualmente sérios.

O jagunço é uma tradução justalinear quase do iluminado da Idade Média. O mesmo desprendimento pela vida e a mesma indiferença pela morte, dão-lhe o mesmo heroísmo mórbido e inconsciente de hipnotizado e impulsivo.

Uma sobriedade extraordinária garante-lhe a existência no meio das maiores misérias.

Por outro lado, as próprias armas inferiores que usam, na maioria, constituem um recurso extraordinário: não lhes falta nunca a munição para os bacamartes grosseiros ou para as rudes espingardas de pederneira. A natureza que lhes alevantou trincheiras na movimentação irregular do solo — estranhos baluartes para cuja expugnação Vauban não traçou regras — fornece-lhes ainda a carga para as armas: as cavernas numerosas que se abrem nas camadas calcárias dão-lhes o salitre para a composição da pólvora e os leitos dos córregos, lastrados de grãos de quartzo duríssimos e rolados, são depósitos inexauríveis de balas.

*

A marcha do exército nacional, a partir de Jeremoabo e Monte Santo até Canudos, já constitui por isto um fato proeminente na nossa história militar.

É uma pagina vibrante de abnegação e heroísmo.

E se considerarmos que, a partir daqueles pontos, convergindo para o objetivo da campanha, as colunas, nesse investir impávido para o desconhecido, como se levassem a certeza de uma vitória infalível e pronta, não se ligaram por intermédio de pontos geográficos estratégicos à longínqua base de operações em Monte Santo, deixando, portanto, que entre elas e esta última se interpusesse extensa região crivada de inimigos, somo forçados a admitir que a arte, esta sombria arte da guerra que obedece a leis inexoráveis, foi ofuscada num admirável lance de coragem.

As suas regras, entretanto, devem prevalecer.

Um exército não pode dispensar uma linha de operações, segura e francamente praticável, ligando-o à base principal afastada, através de pontos de refúgio intermediários ou bases de operações secundárias, para as quais refluem as forças em caso de revés ou seguem facilmente os recursos que se tornam necessários.

A viagem recente, de Canudos a Monte Santo das forças sob o comando do coronel Medeiros é um exemplo frisante.

Toda a campanha ficou em função daquela força expedicionária; a sorte de um exército ficou entregue a uma brigada diminuta. Entretanto tal não sucederia se a linha de operações tivesse como pontos determinantes duas ou três posições estratégicas, aonde forças em número relativamente diminuto se firmem, auxiliando eficazmente as comunicações entre a base de operações e o exército.

As forças auxiliares que partem hoje do Rio de Janeiro irão, certo, anunciar estas medidas urgentes, corrigindo uma situação anormalíssima.

Não basta garantir Monte Santo — é indispensável ligá-lo o mais estreitamente possível ao exército, cujo eixo de operações alevanta-se neste momento, em frente de Canudos.

Tomadas estas providências, a campanha que pode terminar amanhã repentinamente por um golpe de audácia, mas que pode também prolongar-se ainda, será inevitavelmente coroada de sucesso.

A morosidade das operações é inevitável, pelos motivos rapidamente expostos.

As tropas da República seguem lentamente, mas com segurança, para a vitória. Fora um absurdo exigir-lhes mais presteza.

Quem, ainda hoje, observa essas monumentais estradas romanas, largas e sólidas, inacessíveis à ação do tempo, lembrando ainda a época gloriosa em que sobre elas ressoava a marcha das legiões invencíveis, irradiando pelos quatro pontos do horizonte, para a Gália, para a Ibéria, para a Germânia, compreende a tática fulminante de César…

Mas, amanhã, quando forem desbaratadas as hostes fanáticas do Conselheiro e descer a primitiva quietude sobre os sertões baianos, ninguém conseguirá perceber, talvez, através das matas impenetráveis, coleando pelo fundo dos vales, derivando pelas escarpas íngremes das serras, os trilhos, as veredas estreitas por onde passam, nesta hora, admiráveis de bravura e abnegação — os soldados da República.

Como citar
CUNHA, Euclides da. A nossa Vendéia. EUCLIDESITE. Obras de Euclides da Cunha. Crônicas. Disponível em: https://euclidesite.com.br/obras-de-euclides/cronicas. Acesso em: [data]. Texto-base: CUNHA, Euclides da. Diário de uma expedição. org. rev. e notas de Walnice Nogueira Galvão. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. pp. 43-61. Artigos publicados originalmente em 14 mar. 1897 e 17 jul. 1897, em O Estado de S. Paulo. Reprodução permitida para fins educacionais e desde que citada a fonte.