Aspecto geral do rio Purus

Aspecto geral do Rio Purus e seus afluentes. Levantamento hidrográfico. Determinação das coordenadas dos pontos principais

Rio de baixada, a exemplo de todos os grandes afluentes da margem direita do Amazonas, o Purus logo ao primeiro lance de vistas, afigura-se perfeitamente estável, como se já houvesse adquirido um perfil longitudinal invariável, resultante de um perfeito equilíbrio entre a força erosiva da corrente e o atrito sobre o leito. Desenrola-se extensíssimo e contorcido em múltiplas curvaturas, algumas muito forçadas, outras em forma de ferradura, até às cercanias de suas últimas cabeceiras, numa distância itinerária de 1733 milhas, sem que uma corredeira, um redemoinho apreciável ou um pego profundo lhe denunciem, mesmo em ligeiros traços, a feição perturbada dos cursos de água que ainda preparam o seu leito, constituindo-se poderosos agentes geológicos no modelarem os mais notáveis facies topográficos.

Mas esta primeira aparência, que ante uma observação ligeira o colocaria entre os rios mais navegáveis da terra, é bastante alterada pelos resultados de uma observação mais longa.

Assim, em primeiro lugar, a despeito de sua extraordinária massa de águas, ele patenteia oscilações de nível extremamente exageradas, variando na confluência de 17 m da vazante para as enchentes; na boca do Acre, de 23 m; na do Iaco, de 20 m a 20’80. [ 30 ]

Deste modo o seu aspecto sofre uma primeira variação nos estreitos períodos das estações anuais: o viajante que o sulca nos primeiros dias do ano, passando quase ao nível dos sítios que o marginam – ao voltar, apenas transcorridos alguns meses, vem pelo fundo de uma calha desmedida, que as mesmas vivendas sobranceiam, dominantes, sobre a crista de barrancas altíssimas.

 

Ao mesmo tempo a navegação que de Dezembro a Abril, pode ser efetuada até Curanja e mesmo até a Forquilha pelas embarcações de grande calados, fica reduzida, até para as menores lanchas, às escala extrema da boca do foz, parando na Cachoeira as embarcações maiores. A esta larga variação de regímen, consequência imediata da vasta bacia de captação do grande rio e do clima excessivamente úmido da Amazônia, liga-se outra, certo mais demorada, mas de efeitos igualmente sensíveis.

De fato, comparando-se a carta de William Chandless, de 1865, com a nossa, anexa a este relatório, vê-se que, conservada a orientação geral do rio, sofreram os seus trechos, parceladamente examinados, modificações profundas, ora definidas pelos circos de erosão conhecidos sob os nomes locais, peruano e brasileiro, de tipiscas e sacados, [ 31 ] ora pela intensa degradação das partes côncavas onde se aprumam os barrancos coincidindo com os aterros das partes convexas onde se dilatam as praias.

 

Este fenômeno, largamente generalizado, dá ao Purus o caráter de rio divagante, consoante o dizer da fisiografia moderna. Favorece-o em grande parte o seu traçado característico, em meandros, que tão díspares lhe torna as distâncias itinerárias e geográficas.

 

De fato, dada essa disposição especial, a componente centrífuga desenvolvida pela corrente ao longo das parte côncavas, faz que o curso d’água a pouco e pouco vá obliquando para o exterior, correndo lentamente a margem contra que embate, e exagerando a amplitude de sua sinuosidade à medida que se estreitam os istmos das pequenas e numerosas penínsulas que se ligam no seu traçado caprichoso, até que uma delas se destaque e o rio, abandonando a larga volta em que derivava, deslize pelo novo leito menos curvo.

 

À simples inspeção de nossa planta confrontada com a de Chandless, mostra numerosos pontos em que o fato ocorreu, originando muitas das divergências secundárias que existem entre elas.

Destas erosões resulta, evidentemente, um encurtamento de traçado. Nota-se, entretanto, que ao mesmo tempo que elas se operam, se realizam em outros pontos curvaturas compensando por um alongamento do leito, a redução efetuada. Aponta-se, incisivo, um caso destes nas cercanias de Santa Rosa onde, coincidindo com o sacado formado em União, se operou em complicada curvatura uma dilatação do leito junto à confluência daquele tributário que tem na carta do notável explorador inglês o nome de Curinahá.

 

O confronto é sobremaneira expressivo e dispensa-nos de citar outros fatos, alongando demais esta informação.

De todos eles resulta que o Purus, ao revés do que indica uma observação ligeira, é um rio em plena evolução geológica, modificando ainda de maneira sensível o seu traçado.

Também é digno de nota a especialidade que este rio, não obstante o dilatado do seu curso, oferece, e que não se vê em outros: é o diminutíssimo número de ilhas, o que se poderia atribuir à sua formação relativamente recente.

Não são, pois, de admirar os entraves que do seu curso médio para as cabeceiras perturbam a navegação, nas vazantes. Consistem em numerosos paus e baixios de argila endurecida, que a partir de Novo Destino vão n’um crescendo até Curanja. Uns e outros são um efeito imediato da degradação das barrancas, tombando, fortemente solapadas, na quadra das enchentes. Os lanços de floresta marginal, arrastados pelas águas, acumulam-se, em geral, ao longo de todas as voltas, entrecruzando não raro as suas galhadas à maneira de abatises, entre os quais, às vezes, é difícil a travessia à mais ligeira montaria; enquanto as massas de terra desmoronadas, acumulando-se por sua vez nos trechos em que a corrente diminui, formam os denominados “salões”, sobre que passam as águas extremamente rasas.

 

Ao mesmo tempo, destruídas as margens e rotos os istmos a que nos referimos, o rio ao tomar um outro rumo, deixa no primitivo leito abandonado, como um sinal da sua passagem, uns restos das suas águas. Formam-se, assim, os lagos tão numerosos há pouca distância das duas bandas do Purus, permanentemente renovados, já pelas chuvas fortíssimas da região, já pela comunicação que estabelecem com o rio principal, por ocasião das cheias. Estes lagos de forma anular, rodeiando uma porção de terra, são uma forma topográfica pouco vulgar e característica não só do Purus, como da maioria dos tributários da margem direita do Amazonas.

 

Este aspecto geral do Purus bem pouco varia desde a sua embocadura até a sua última subdivisão, do Cujar-Curiúja; e todos os seus afluentes até aquele ponto remoto, copiam a mesma disposição geral e as modificações apontadas.

 

Estes, como o revela rápido golpe de vista, obedecem, a partir do Acre, a uma dicotomia interessante – repartindo-se, de um modo geral, o grande rio em sucessivas forquilhas em que predominam, como mais sensíveis, a do Acre, a de Curanja e a última do Cujar-Curiúja.

Nesta última o Purus parece repartir-se exatamente pela metade, não se podendo de pronto dizer qual dos dous galhos extremos merece conservar-lhe o nome.

Duas condições apreciáveis, porém, dão a primazia ao Cujar:

1ª, a sua extensão geográfica e itinerária, realmente maior que a do Curiúja; 2ª, a direção geral que melhor do que a do outro prolonga a do rio principal. Ambos ascendem progressivamente para o divortium aquarum do Ucaiale – e esta lenta ascensão é quase insensível em todo o extenso traçado de 1.667 milhas que vai da última forquilha até ao Amazonas, onde uma diferença de nível de 265 metros aproximadamente determina um desnivelamento insensível de 1m/11.650m ou 0m, 158 por milha. Mas da confluência Cujar-Curiúja para cima, a subida acentua-se incisivamente. Assim a diferença de 154 metros de altura, da foz do Cavaljane sobre a do Cujar, indica um declive de 1m/613m ou 3 metros por milha; e a de 35 metros da confluência do Pucani sobre a última, uma queda de nível proximamente igual, por milha. [ 32 ]

Ora, em ambos os galhos extremos estas cotas díspares são conseguidas quase que exclusivamente mercê das numerosas corredeiras e pequenas quedas.

O regímen é de todo diferente do do Purus. Vai-se em uma intercadência invariável de estirões [ 33 ] estagnados e cachoeiras pequenas pouco intervaladas.

 

Os rios descem, caindo por sucessivos degraus:

O Cavaljane para o Cujar com 15 pequenas cachoeiras; este para o Purus com 73; o Curiúja para a mesma confluência com 24.

Dai um caráter torrencial bem acentuado; os repiquetes formam-se rápidos, ao cair de qualquer chuva, desaparecendo às vezes com a mesma presteza, à maneira de uma onda única a descer pelas vertentes abruptas. À nossa volta do Cavaljane fomos favorecidos por uma destas cheias instantâneas e inesperadas.

 

Apontados estes traços gerais, que não pormenorizamos para não nos alongarmos demais, resta-nos citar uma outra circunstância imanente à grande artéria, que rapidamente percorremos.

Referimo-nos ao traçado original da grande maioria dos seus afluentes que, sobretudo a partir do Acre, impõem, claríssima, uma tendência raro desviada, de convergirem nas cabeceiras do rio principal, como se ilhassem os próprios vales.

Assim o Acre, lançado primitivamente para o sul, volve para o ocidente n’uma deflexão fortíssima, indo abrolhar as suas nascentes perto do “Istmo de Fiscarrald”; e por um dos afluentes da margem direita do Cujar alcança-se um varadouro que o atinge em seis dias. Seguindo-se pelo Chambuiaco (Manoel Urbano, de Chandless), ao arrepio da corrente, vara-se em poucos dias para o Chandless. Do “Furo do Tarauacá” não se vai apenas para o Juruá, por intermédio do Jurupari, senão também para o Santa Rosa (Curinahá) muitas milhas a montante; e das cabeceiras deste último passa-se para as do Curanja (Curumahá) em um dia.

Nesta disposição anormalíssima vê-se bem que o vale do grande rio, estreitíssimo demais para o seu comprimento, não se abriu em virtude de movimentos orogênicos profundos, senão por uma fraca erosão na desmesurada planície amazônica, descendo as águas vagarosamente, apenas obedientes às longínquas sublevações do sul, últimos reflexos da expansão andina.

Infelizmente, a natureza da nossa missão, senão a nossa própria incompetência, não nos permitiu indagações geognósticas capazes de elucidarem melhor o assunto, de acordo com a íntima relação entre as formas topográficas e a estrutura dos terrenos. Apenas conseguimos notar como fator geológico preponderante desde a confluência, no Solimões, até à foz do Chandless o mesmo grés limonítico que sob o nome, científicamente consagrado, de Pará sandstein forma a base dos terrenos amazônicos. É a mesma rocha, já finamente granulada, já com seixos conglomerados pelo óxido de ferro – e uma disposição estratigráfica idêntica. E como ela, francamente sedimentária, se originou no seio de vastas massas de água doce, conclui-se com segurança, que o Purus até quase às suas cabeceiras, a exemplo da maioria dos tributários do Amazonas, se traduz como um resto do amplíssimo lago que na época terciária após a sublevação dos Andes, cobria tão desmedidas superfícies.

 

Da confluência do Cujar-Curiúja para cima, a natureza mais consistente dos terrenos, as pedras duríssimas à feição de verdadeiros quartzitos, que afloram em todos os pontos constituindo o elemento essencial das pequenas quedas em que tombam os rios – revelam uma exposição mais antiga: as margens fortemente degradadas do grande mar interior, que por tão dilatado tempo encobriu essas paragens.

 

Deste modo as nossas apagadas observações se ajustam às conclusões bem conhecidas da geologia clássica acerca deste aspecto especial do vale do Amazonas.

Levantamento hidrográfico. Determinação das coordenadas dos pontos principais

Pela exposição da nossa viagem, vê-se que efetuamos o levantamento hidrográfico continuamente. Variaram, porém, os processos adotados.

A princípio, até a foz do Chandless, [ 38 ] aplicaram-se o “compasso de levantamento” para os rumos, e “barquinha”, corrigida da influência contrária da corrente, para as distâncias.

Do Chandless para cima, efetuando-se a viagem em canoas, modificou-se o método adotado, com a aplicação da luneta de Lugeol, para as distâncias, e a mesma bússola para os rumos.

Verificamos, porém, desde logo, que este meio, acarretando constantes paradas em todas as inflexões do rio, era de todo contraposto ao dilatado da nossa viagem, porque no máximo nos permitiria um avançamento de cinco milhas diárias. Além disto, as manhãs em geral brumosas e os dias bruscos, dificultavam os golpes de mira, ou tornavam a sua exação contestável. Assim, forçados a abandonar este processo, apelamos para o único que nas nossas condições poderia ser adotado com êxito relativo.

Substituímos as distâncias adquiridas com a Lugeol pelas que obtínhamos mercê do tempo e das velocidades das canoas, aferidas estas últimas por numerosas e sucessivas bases medidas diretamente nas praias que íamos perlongando. Este processo, judiciosamente aplicado, deu resultados que ultrapassaram a nossa própria expectativa. Assim, não raro, trabalhando separadamente as duas comissões, tivemos ocasião de verificar a quase justaposição de alguns trechos que se desenhavam. Sobretudo merece especial referência o que vai da confluência Cujar-Curiúja à foz do Cavaljane. Aparte ligeiras divergências em latitude, os dous desenhos, peruano e brasileiro, coincidiram sem que absolutamente se pudesse notar a mais breve diferença em longitude. Citamos o caso para que se definam os cuidados que tivemos em tal trabalho, e para que se veja quão dignas de confiança devem ser as médias dos trabalhos de ambas as comissões, sem embargo do caráter expedito dos mesmos.

Além disto, como um corretivo permanente ao desvio da agulha magnética, às influências locais, aos descuidos naturais das leituras de azimutes, operávamos sempre que os céus eram propícios, observações astronômicas que, de um modo geral, dia a dia, iam amarrando os resultados parcelados e impedindo a acumulação de erros, que no fim de um longo itinerário seriam insanáveis.

 

Ainda mais, não satisfeitos com estas cautelas, resolvemos efetuar um contralevantamento, de baixada, que nos serviria para o esclarecimento de quaisquer dúvidas que aparecessem.

A concordância dos levantamentos de subida, porém, tornou dispensável, salvante alguns pequenos trechos, o traçado daquele contralevantamento. Não precisaríamos acrescentar que, não raro, realizamos todos os trabalhos complementares que as circunstâncias permitiam, quer relativos às larguras dos vários trechos do rio, quer à dos próprios istmos e sacados que às vezes medíamos diretamente para servirem de contraprova ao levantamento.

Nos anexos apresentamos também o resultado das medições efetuadas em vários afluentes e várias observações relativas a seus caracteres físicos mais comuns.

Uma das primeiras conclusões que tiramos deste serviço que, sem embargo das nossas instruções, efetuamos com um excesso de cuidados bem superior aos dos levantamentos ligeiros — foi a exação relativa, mas surpreendedora, da carta de William Chandless.

As considerações que fizemos acerca da evolução do Purus, mostram, evidentemente, que seria impossível uma perfeita justaposição de traçados feitos com um intervalo de 40 anos. De 1884-1865, data dos trabalhos daquele explorador, até hoje, o Purus variou consideravelmente as suas incontáveis voltas, já dilatando-as, já encurtando-as, já destruindo-as em “sacados”, ou encurvando antigos “estirões” em praias recentíssimas. Em Anory, no baixo Purus, em Concórdia e União, no médio, e pouco abaixo de Cocama, no Alto, o notável cientista inglês navegou sobre lugares hoje cobertos de embaúbas (ceticos) e nós atravessamos em canoas os trechos de terrenos em que ele contemplou belos recantos de floresta.

 

A comparação das duas plantas denuncia de pronto estas divergências. Mas podemos dizer que elas discordam porque estão certas. E quando se considera que William Chandless, avantajando-se de muito a Manoel Urbano, foi o primeiro a efetuar aquela exploração, uma das maiores da América, investindo com regiões que de Sobral ou Santa Rosa para cima eram de todo desconhecidas, não se refreia o entusiasmo e a veneração que merece o notável emissário da Real Sociedade de Geografia de Londres.

Cumprimos o dever imperioso de deixar neste relatório, escritas, as impressões que tantas vezes trocamos, a medida que íamos observando na progressão dos nossos trabalhos, o critério superior, o tino científico e, sobretudo, a admirável honestidade profissional do grande homem, um nome que ficará perpetuamente vinculado a este trecho da fisiografia americana.

O que dissemos quanto aos resultados gerais do levantamento aplica-se aos das observações para a determinação das coordenadas geográficas.

Efetuamo-las de acordo com o caráter que lhes deram as instruções, com a aplicação exclusiva dos cronômetros e do sextante.

A condição de rapidez, preponderante em nossos trabalhos, e, até certo ponto, a inconsistência dos terrenos ribeirinhos em que agíamos, tornavam de todo impossível o adotarmos outros instrumentos, como o teodolito astronômico, do qual a mesma estação, nos raros pontos em que se pudesse realizar, exigiria operações demasiado demoradas.

Além disto as aproximações do sextante, que como se sabe hoje podem ir quase aos limites da certeza, bastavam amplamente às exigências das instruções.

 

Restava-nos, porém, o problema muito sério do transporte do tempo através de tão dilatada distância, onde às causas de variação instrumentais, à estrutura dos cronômetros e às constantes oriundas das pressões, da temperatura e do tempo, se aditavam sem número de outros, completamente imprevistas e que iam desde os choques inopinados nos paus ou pedras do rio ao transporte incômodo e penosíssimo, por terra, perlongando os barrancos das cachoeiras.

 

Comparados em Manaus os cronômetros das duas partes da comissão mista, é natural que as comparações ulteriores revelassem pequenas divergências, devidas essencialmente às vicissitudes do transporte, entre as quais, para os cronômetros brasileiros, houve até a mudança repentina e forçada, através do tumulto de um naufrágio, completada pela exposição ao sol em praia desabrigada.

Assim, após vários regulamentos de resultados indecisos, a primeira comparação definitiva entre os Standarts peruano e brasileiro, na confluência Cujar-Curiúja, no dia 24 de Julho, revelou uma diferença de doze segundos que deve ser atribuída na sua maior parte àquelas vicissitudes.

Esta discordância, porém, não era de natureza a exigir um longo processo para que se lhe definissem claramente as origens e verificar-se rigorosamente quanto concorrera cada cronômetro para que ela surgisse, porque sendo as coordenadas de Chandless dignas da máxima confiança puderam, aqueles, ser, vantajosamente, referidos a elas.

Foi este, dizemo-lo com toda a segurança, o melhor auxílio que tivemos em nossos trabalhos. Desde muito, desde a confluência do Acre, notáramos a segurança rara das posições fixadas pelo grande explorador. É que ele bem aparelhado e dispondo de um tempo indefinido para os seus trabalhos, conseguira chegar aos longí[n]quos pontos que buscara retificando as suas cuidadosas determinações cronométricas, graças a cinco longitudes absolutas em Beruri, Tapauá, Canotama, Arumáã e cercanias da confluência do Chandless — que diminuíram bastante todas as causas de erros de operações, como estas, tão delicadas e sérias. Assim, não se pode negar que os seus cronômetros, retificados por uma observação de eclipse perto do Chandless, acerca de 1450 milhas da confluência do Purus e do Solimões, forneceriam todas as longitudes dos pontos a montante do observado com mais rigor que quaisquer outros vindos daquela confluência, por maiores que fossem os cuidados no se notarem as suas marchas diárias.

 

É natural, portanto, que as pequenas diferenças que tivemos entre as nossas observações e as dele em Curanja e na Forquilha fizessem que lhe déssemos, como demos, a preferência uniformizando-se em tais pontos as nossas determinações. E nem de outro modo poderíamos agir desde que, dado o caráter das nossas instruções, não nos era lícito uma longa parada, aguardando ocasiões propícias em que vantajosamente se aplicassem os conhecidos processos para a determinação de longitudes absolutas.

 

Devemos ainda pôr em relevo a confiança que nos inspiravam os trabalhos de Chandless — a princípio nascente da coincidência quase perfeita das latitudes, que determinávamos, com as dele, e depois fortalecida por todos os demais resultados que íamos obtendo. Por isto mesmo não nos surpreende o fato de serem as cartas todas do Purus, que consultamos, uma cópia, não raro grosseira, dos trabalhos do notável geógrafo. É que eles, afinal, eram os únicos dignos de atenção.

 

A nossa carta, feita independentemente (à parte os pontos precitados) completa-os, em parte, nas cabeceiras, corrigindo-os, além disto, em modificações secundárias em toda a extensão do grande rio.

Foi à luz das considerações anteriormente expostas que regulamos os nossos cronômetros de modo a obtermos quanto aos pontos principais observados os resultados constantes do quadro seguinte:

[Quadro 1]

Comissão mista de reconhecimento do Alto Purus

Coordenadas dos pontos principais

LUGARES PERUANAS
Longitudes / Latitudes
BRASILEIRAS
Longitudes / Latitudes
Boca do Purus
61°25′05″0
3°39’28″0
Boca do Acre 67°20′15″0
8°45′00″0

8°45′05″0
Boca do Iaco* 68°34′25″0
9°01′34″0

9°01′42″0
Boca do Chandless (Araca Ch.)** 69°52′07″0
9°08′16″0
69°51′00″0
9°07′56″0
Santa Rosa (Curumahá Ch.) 70°32′45″0
9°25′07″0
70°31′03″0
9°25′26″0
Catai*** 70°40′45″0
9°40′22″0
70°40′55″0
9°40′21″0
Boca do Curanja (Curumahá Ch.) 70°58′45″0
9°57′22″0
70°58′45″0
9°57′08″0
Boca do Chambuiaco (Mel. Urbano Ch.) 71°26′54″0
10°34′15″0
71°27′24″0
10°34′49″0
Forquilha (Conf. Cujar-Curiuja)**** 71°50′00″0
10°44′55″0
71°50′20″0
10°44′38″0
Boca do Cavaljani 72°20′19″0
10°51′14″0
72°20′41″0
10°51′16″0
Boca do Pucani 72°26′11″6
10°55′51″0
72°25′23″0
OBSERVAÇÕES
* No Acre e no Iaco a comissão brasileira, na volta, não teve céus propícios para a observação. As latitudes foram determinadas na subida.
** Declinação magnética = + 7°10′
*** Declinação magnética = + 6°45′
**** Declinação magnética = + 5°50′


A partir das últimas coordenadas e com os elementos de levantamento topográfico determinamos o ponto extremo a que chegamos no fim do varador:

lat. S. = 10°57′50″0
long. W. S. = 72°27′30″0

e a nascente mais meridional do Purus,

lat. S. = 10°57′05
long. W. S. = 72°27′35″

OBm Não se incluem numerosas coordenadas de quase todos os pontos onde acampávamos [e] que serviram para a correção do levantamento topográfico.

 

Aspecto general del Purus y sus afluentes. Levantamiento hidrográfico. Determinación de la coordenadas de los puntos principales

Rio de suave gradiente, á semejanza de todos los grandes afluentes de la márgen derecha del Amazonas, el Purus, al primer golpe de vista, parece perfectamente estable como se yá hubiese adquirido un perfil longitudinal invariable, resultado de un permanente equilibrio entre la fuerza impulsiva de su corriente y el rosamiento sobre su lecho. Desarróllase extensisimo en multiples curvaturas, algunas muy forzadas, otras en fórma de herradura, hasta las cercanias de sus cabeceras ú origen, en una distancia itineraria de 1733 millas, sin que ninguna corriente, remolino apreciable ó pozo profundo dé á conocer cambio alguno, ni aun ligeramente, la accion perturbadora de esta clase de rios, que todavia estan modificando su lecho constituyéndose poderosos agentes geológicos para producir los más notables aspectos topográficos.

Mas esta primera aparencia, que deducida de una observación ligera lo colocaria entre los rios más navegables de la tierra, és bastante alterada por los resultados de una observación más detenida.

Asi, en primero lugar, á pesar del gran volúmen de sus aguas, manifiesta oscilaciones de nivél extraordinariamente grandes, variando en la confluencia de 17 m de la vaciante, para las crecientes; en la boca del Acre 23 m y en la del Iaco de 20 m a 20’80.

De este modo su aspecto sufre una primera variación en los diversos periodos de las estaciones anuales; el viajante que lo surca en los primeros dias del año, pasando casi al nivél de los sitios ó chacaras de las márgenes, sobre las cuales el agua generalmente se desborda, y al volver, transcurridos apenas alguns meses, navega por el lecho ahondado al extremo que las mismas viviendas que el agua inundó, las vé á gran altura y dominantes en el perfil de barrancos altisimos. Al mismo tiempo la navegacion que de Diciembre á Abril puede efectuarse hasta Curanja y aún hasta el origen del Purus, ó Alérta, por embarcaciones de regular calado, queda reducida hasta para las lanchitas menores á la boca del Acre, último punto a que pueden avanzar en la época de vaciante, llegando las embarcaciones mayores solo hasta la Cachoéra. Á este largo cambio de régimen, consecuencia inmediata de ser este gran rio receptáculo de un gran número de afluentes y del clima húmedo del Amazonas, ligase otro más lento, pero igualmente sensible.
En efecto, comparándose la carta de William Chandless de 1865 con la nuestra, anexa á este relatorio, se vé que la orientación general del rio se conserva; pero diversos trechos, parcialmente examinados, sufriéron modificaciones profundas, presentándose yá bajo la fórma de circulos de erosion conocidas con los nombres vulgares y locales, brasileño e peruano, de sacados y tipiscas, y tambien el continuo derrumbe de las partes cóncavas donde se forman los barrancos, coincidiéndo con la aglomeración de tierras ó arena en las partes convexas, donde se extiénden, formándose asi grandes playas. Este fenómeno plenamente generalizado, dá al Purus el caracter de rio divagante, en conformidad con las clasificaciones de la fisiografia clasica.

Favorécelo en gran parte su configuración caracteristica, por la sinuosidad de sus curvaturas, que produce gran diferencia en las distancias itinerarias y geográficas.

En efecto, dada esa disposicion especial, la componente centrifuga desarrollada por la corriente á lo largo de las partes cóncavas, obliga su curso á ir poco á poco oblicuando hácia el exterior, destruyendo lentamente la márgen contra la que embate, prodúcese un aumento en la amplitud de su sinuosidad á medida que se estrechan los istmos de las pequeñas y numerosas peninsulas que se fórman en su caprichoso desarollo, hasta que una de ellas obliga á desviar el rio, deslizándose por un nuevo lecho mucho más curvo, y quedando asi abandonada la larga vuelta en que antes corria.

La simple inspecion de nuestro plano, comparado con el de Chandless, presenta numerosos puntos en que este hecho se realizó, originándose por esta causa las diferencias que se nótan entre ámbos.

De todo lo expuesto resulta evidentemente disminucion en el trazado. Se vé entretanto que al mismo tiempo que ellas se operan realizanse en otros puntos curvaturas que por un alargamiento del lecho, compensan en general la reduccion efectuada.

Nótase muy visible un caso de estos en las cercanias de Santa Rosa, donde coincidiéndo con la tipisca formada en Union, opérase en complicada curvatura una dilatacion del lecho, junto á la confluencia de aquel tributario, que tiene en la carta del notable explorador inglés el nombre de “Curinahá”.

Este caso és sobremanera expresivo y nos dispensa de citar otros hechos, alargando demasiado esta informacion. De todos ellos resulta que el Purus, al revés de lo que indica una observacion ligera, és un rio en plena evolucion geológica, estando tadavia sujeto de manera sensible á modificaciones en su dirección.

Tambien és de notarse la especialidad que este rio, no obstante lo dilatado de su curso, ofrece y que no se vé en otros, y és la falta absoluta de islas, lo cual podría atribuirse á su formación relativamente reciente. No son, pues, de admirar los obstáculos que de curso médio á las cabeceras pertúrban la navegación; estos obstáculos consisten en numerosos palos, bajos de tierra endurecida, que á partir de Novo Destino van creciendo hasta Curanja.

Unos y otros son un efecto inmediato del derrumbe de barrancos, constantemente arrastrados por la corriente, en la época de las crecientes. Las ramas y los palos de las riberas, arrastradas por las aguas, acumúlanse en general á lo largo de todas las vueltas, entrecruzando en las partes bajas sus raíces á manera de trincheras, entre las cuales és muy dificil á veces la travesia á las más ligeras monterías; enquanto á las masas de tierra desmoronadas, acumulándose á su vez en los trechos en que la corriente disminuye, forman los denominados salones ó bancos, sobre los que pasan las aguas extremadamente rasas.

Al mismo tiempo, destruidas las márgenes y rotos los istmos á que nos referimos, el rio al tomar otro rumbo, deja en el primitivo lecho abandonado, como una señal de su paso, restos de sus aguas; fórmanse así los numerosos lagos que existen á poca distancia de las dos bandas del Purus, permanenentemente renovados, yá por las lluvias fuertisimas de la región, yá por la comunicación que establecen con el rio principal por ocasión de las crecientes, aumentando el volúmen de sus aguas al extremo de desbordarlos.

Estos lagos de aspecto anular rodean una porcion de tierra, y son una fórma topográfica, poco vulgar y caracteristica, no solo del Purus, sinó de la mayoria de los tributarios del Amazonas.

Este aspecto general del Purus, varia bien poco desde su desembocadura hasta su ultima subdivision del Cujar-Curiúja, y todos sus afluentes hasta aquél punto remoto, ofrecen la misma disposición general y las modificaciones apuntadas.

Estas, como se nota á simple vista, obedecen, á partir del Acre, á una dicotomia interesante, repartiéndose de um modo general el gran rio, en sucesivas ramificaciones en que predominan respectivamente como más sensibles la del Acre, la del Curanja y la última – del Cujar-Curiúja.

En esta última el Purus parece repartirse exactamente por la mitad, no pudiéndose de pronto decir cual de las dos ramas extremas mereceria el nombre principal.

Empero, dos condiciones apreciables dán la primacia al Cujar: primero, su extensión geográfica é itineraria, que és precisamente mayor que la del Curiúja; segundo, su dirección general, que mejor que la del otro continua prolongando la del rio principal.

Ambos ascienden progresivamente para el divortium aquarum del Ucayale, y esta lenta ascension és casi insensible en todo el extenso plano de 1667 millas, que vá de la ultima ramificacion hasta el Amazonas, donde una diferencia de nivél de 265 métros define un desnivelamento insensible de 1m 11.650m ó 0m, 158 por milla. Mas de la confluencia Cujar-Curiúja para arriba, la subida acentúase cada vez más. Asi la diferencia de 154 métros de alto de la confluencia del Cavaljane, sobre la del Cújar y del Purus, indica un declive de 1m/613m ó tres métros por milla; y la de 35 metros de confluencia del Pucane sobre aquella, una diferencia de nivel casi igual por milla.

En ámbos los brazos extremos adquieren estas alturas variables casi exclusivamente en virtud de numerosas caidas ó rápidos.

El régimen és del todo diferente al del Purus. Se vá en una intercadencia invariable encañadas, en las cuales el agua está casi estancada y multitud de pequeñas cascadas, con pocos intérvalos unas de otras.

Los rios bajam cayéndo por sucesivos escalones: el Cavaljane para el Cujar con 15 pequeñas cascadas; este para el Purus con 73; el Curiúja para la misma confluencia con 24.

De aqui un carácter torrencial bien acentuado: los repiquetes se presentan con mucha rapidéz en virtud de cualquier lluvia, desapareciendo muchas veces con la misma prestesa, á semejanza de una onda que bajase por las vertientes abruptas. A’ nuestra vuelta del Cavaljane fuimos favorecidos en parte por una de estas crecientes instantáneas é inesperadas.

Apuntados estes trazos generales, que no pormenorisamos por no extendernos demasiado, réstanos citar otra circusntancia inherente á la gran artéria que rápidamente recurrimos.

Nos referimos á la fórma original de la gran mayoria de sus afluentes que, sobre todo al partir del Acre, se nota muy pronunciada la tendencia rara vez desviada de convergir en las cabeceras del rio principal, como se formasen grandes islas de los propios valles.

Asi el Acre, que á partir de su embocadura, lanzado primitivamente para el sur, vuelve para el occidente con un cambio de direccion notable, yendo á encontrarse sus nacientes cerca del istmo de Fiscarrald; de uno de los afluentes de la márgen derecha del Cujar, alcánzase un varadero que lo encuentra en 6 dias. Surcando por el Shambuyaco (Manoel Urbano) tómase otro que conduce en pocos dias al Chandless. Del caño del Tarauacá, no solo se vá al Juruá por intermedio del Jurupary, sinó tambien al Santa Rosa (Curinahá) muchas millas arriba de la boca, y de las cabeceras de este último, pásase para las del Curanja (Curumahá) en un dia.

 

En esta disposición anormalisima se vé bien que el valle del gran rio (muy estrecho para su extension) no se abrió en virtud de movimientos orogénicos profundos, sinó por una frágil erosión en la desmesurada planicie Amazónica, bajando las aguas – lentamente – apenas obedientes á los levantamientos del Sur, últimos reflejos de la expansión andina.

Desgraciadamente no solo la naturaleza de nuestra misión, sinó nuestra propia incompetencia, no nos perimitió indagaciones geognósticas capaces de dar más luz al asunto, de acuerdo con la intima relación entre las formas topográficas y la extructura de los terrenos.

Apenas conseguimos notar como carácter geologico preponderante, desde la confluencia del Amazonas hasta arriba de la boca del Chandless, el mismo grés limonitico que con el nombre scientificamente consagrado de Pará sandstein fórma las bases de los terrenos Amazonicos. E’s la misma roca yá finamente granulada, yá con guijarros aglomerados por el óxido de fierro, y una disposición estratigráfica idéntica.

Y como ella francamente sedimentaria se forma en el seno de las vastas masas de agua dulce, conclúyese con seguridad que el Purus hasta casi sus cabeceras, á semejanza de la mayor parte de los tributarios del Amazonas, traduce como un resto del amplisimo lago que en la época terciaria, despues del levantamiento de los Andes, cubria tan desmedidas superficies.

De la confluencia del Cujar e Curiúja para arriba, la naturaleza más consistente de los terrenos, las piedras durisimas, á manera de verdaderos cuarzitos, que afluyen á todos los puntos constituyendo el elemento esencial de las pequeñas caidas de que están llenos los rios, revelan una exposición más antigua, pareciendo que fueron las márgenes fuertemente degradadas, del gran mar interior que por tan dilatado tiempo cubrió esos parajes.

De este modo, nuestras imperfectas observaciones se juntan á las conclusiones bien conocidas de la geologia clasica, acerca de este aspecto especial del valle del Amazonas.

Levantamiento hidrográfico — Determinación de la coordenadas de los putos principales

Por la exposición de nuestro viaje, se vé que efectuamos el levantamiento hidrográfico continuamente. Variáron sin embargo los procesos adoptados.

Al principio, hasta la boca del Chandless, aplicamos el compás de levantamiento para los rumbos y la corredera ordinaria corrijida de la influencia contraria de la corriente para las distancias.

Del Chandless para arriba, como el viaje se efectuaba en canoas, se modificó el régimen adoptado, con la aplicación de la luneta Lugeol para las distancias y el mismo compás azimutal para los rumbos.

Pero pronto vimos que este método obligaba á constantes paradas en cada una de las inflexiones del rio; era pués contraproducente esta aplicación; dado lo dilatado de nuestro viaje, porque cuando mucho nos permitiria avanzar 5 millas diarias. Además de esto, las mañanas, en general brumosas y los dias lluviosos, dificultaban los golpes de mira, haciéndolos de resultado poco prácticos. Obligados asi a abandonar este sistema, apelamos al único que en nuestras condiciones podia ser adoptado con relativo éxito.

Sustituimos las distancias adquiridas en el Lugeol, por las que obteniamos teniéndo en cuenta el tiempo y la velocidad de las canoas, adquiridas estas últimas por numerosas y sucesivas bases medidas directamente en las playas que ibamos barajando. Este proceso cuidadosamente aplicado dió resultados que sobrepasáron á nuestra propia espectativa. Asi, no fué raro que no obstante trabajar separadamente las dos comisiones, tuvieron ocasión de verificar la casi juxtaposicion de algunos trechos de las secciones que se dibujaban, uno sobre todo merece especial referencia, el que vá de la confluéncia Cujar-Curiúja á la boca del Cavaljane. A excepcion de ligeras diferencias en latitud, los dos planos brasilero y peruano coincidiéron sin que absolutamente se pudiese notar la más pequeña diferencia en longitud. Citamos el caso, como comprobacion de los cuidados que tuvimos en tal trabajo y para que se vea cuan dignas de confianza deben ser las médias de los trabajos de ambas comisiones, á pesar de la manera rápida con que se iban haciendo. Además de esto, como un correctivo permanente á los desvios de la aguja magnetica, á las influencias locales, á los descuidos naturales en las lecturas de azimutes, procediamos siempre que los cielos eran propicios á efectuar observaciones astronomicas, que de un modo general dia á dia iban enlazando los resultados parciales y impediendo la acumulación de errores, que al fin de un largo itinerario serian dificiles de subsanar.

Aún no satisfechos con todas estas precauciones, resolvimos efectuar un contralevantamiento de bajada, que nos sirviéra para el esclarecimiento de cualesquiera dudas que apareciesen; sin embargo, como los levantamientos de subida concordaban, se hizo indispensable, salvo algunos pequeños trechos en el trazado de aquél contralevantamiento. No precisamos anãdir que frecuentemente realizamos todos los trabajos complementarios que las circusntancias permitian, yá relativos á la extension de varios trechos del rio, yá á la de los propios istmos ó sacados, que á veces mediamos directamente para serivir de control al levantamiento. Nuestros anexos contienen tambien los resultados de las medidas tomadas de varios afluentes, asi como observaciones relativas á sus más comunes caracteres fisicos.

Una de las primeras conclusiones que obtuvimos de este servicio que, no obstante el caracter de nuestras instrucciones, efectuamos con un exceso de cuidado bién superior al de los levantamientos lijeros, fué la exactitud relativa, más sorprendente, de la carta de William Chandless.

Las consideraciones que hicimos acerca de la evolucion del Purus, demuestran que, evidentemente, seria imposible una perfecta coincidencia de levantamientos, hechos con un intérvalo de 40 años. Desde 1865, fecha de los trabajos de aquél explorador, hasta hoy, el Purus ha variado considerablemente en sus incontables vueltas, yá dilatándolas, yá acortándolas, yá transformándolas en tipiscas, ó encurvando antiguos encañados, en playas recientisimas. Em Anory, en el Bajo Purus, en Concordia y Union, en el medio, y poco abajo de Cocama en el Alto, el notable hombre de ciencia, inglés, navegó sobre lugares hoy cubiertos de citicos, y nosotros atravesamos en canoa los trechos de terreno en que él contempló bellos contornos de floresta virgen.

La comparacion de los dos planos, denúncia de punto estas divergencias.

Mas podemos decir que ellas desacuérdan porque estan exactas. Y cuando se considera que W. Chandless, adelantándose en mucho á Manuel Urbano, fué el primero que efectuó aquella exploracion, una de las mayores de America, lanzándose sobre regiones que de Sobral ó Santa Rosa para arriba eran de todo desconocidas, no se refrena el entusiasmo y la admiracion que merece el notable emisario de la Sociedad Geográfica de Londres.

Cumplimos el deber imperioso de dejar, en este informe, escritas las impresiones que tantas veces experimentamos à medida que ibamos observando en el progreso de nuestros trabajos, el criterio superior, el tino cientifico y sobre todo la admirable honradés profesional del grande hombre, cuyo nombre quedará perpetuamente ligado á esta seccion de la fisiografia americana.

Lo que decimos respecto á los resultados generales del levantamiento, aplicase tambien á los de las observaciones para la determinacion de las coordenadas geográficas. Efectuándolas de acuerdo con el carácter que les dieron las instruciones, con la aplicacion exclusiva del cronómetro y del sextante. La consigna de rapidéz preponderante en nuestros trabajos y hasta cierto punto la inconsistencia de los terrenos ribereños en que actuábamos, hacian del todo incompatible el que adoptáramos otros instrumentos, como el teodolito astronómico, cuya colocacion en estacion en los raros puntos en que hubiese sido practicable, habria exigido operaciones demasiado largas.

Además de esto, las aproximaciones del sextante que, como se sabe hoy, pueden ir casi á los limites de la exactitud, bastaban ampliamente á las exigencias de las instrucciones.

Restábanos, sin embargo, el problema gravísimo del transporte del tiempo, al través de tan dilatada distancia, en que á las causas de variacion inherentes á la estructura de los cronómetros y á las constantes resultantes de la presion, de la temperatura y del tiempo, añadian sin número de otras completamente imprevistas, desde las producidas por los choques violentos contra palos y piedras del rio, hasta las del transporte incómodo y penosisimo por tierra, costeando los barrancos de las caidas de agua ó corrientadas.

Comparados em Manáos los cronómetros de las dos partes de la Comision Mixta, éra natural que las comparaciones ulteriores revelasen pequeñas divergencias debidas esencialmente á las vicisitudes del transporte, entre las cuales, para los cronómetros brasileros, hubo hasta la mudanza repentina y obligada al través de la agitacion de un naufragio, aumentada por haber estado al sol en playa desabrigada. Asi, despues de varios arreglos de resultados indecisos, la primera comparacion definitiva entre los Standarts brasilero y peruano, en la confluencia del Cujar-Curiúja, el dia 24 de Julio, reveló una diferencia de doce segundos, que debe ser atribuida en su mayor parte áquellas vicisitudes. Con todo, esta diferencia no era de naturaleza de exigir um largo proceso para que se definiese claramente su origen y verificáse rigorosamente cuanto concorria á cada cronómetro para que ella se realizase, porque siendo las coodenadas de Chandless dignas de maxima confianza, pudieron aquellos riferirseles ventajosamente.

Fué este, decimoslo con toda seguridad, el mejor auxilio que tuvimos en nuestros trabajos. Desde mucho, antes de la confluencia del Acre, notamos la rara exactitud de las posiciones fijadas por el grande explorador.

Esto no era de extrañar, por que bien aprovisionado y disponiendo de un tiempo indefinido para sus trabajos, consiguió llegar á los lejanos puntos que buscára, rectificando sus cuidadosas determinaciones cronométricas, gracias á cinco longitudes absolutas, en Berury, Tapauá, Canutama, Arumã, y cercanias de la confluencia del Chandless, que disminuyeron bastante todas las causas de error de operaciones, como estas, tan delicadas y sérias.

Así no se puede negar que sus cronómetros, rectificados por una observacion de eclipse, cerca del Chandless, aproximadamente á 1450 millas de la confluencia del Purus con el Amazonas, suministraron las longitudes de los puntos, á partir del observado, con mayor exactitud que las de cualquier otro venido de aquella confluencia, por mayores que fuesen los cuidados con que se estudiasen sus marchas diarias.

Es natural, portanto, que las pequeñas diferencias que tuvimos entre nuestras observaciones y las de él, en Curanja y en la confluencia Cujar-Curiúja, hiciesen que le diésemos la preferencia, uniformizándose en tales puntos nuestras determinaciones; y de ningun otro modo podriamos proceder, desde que dado el caracter de nuestras instrucciones, no nos éra licito una larga parada aguardando ocasiones propicias en que ventajosamente se pudiesen aplicar los conocidos procesos para la determinacion de las longitudes absolutas.

Debemos todavia en prueba á la confianza que nos inspiraban los trabajos de Chandless, manifestar que tuvo esta su principio en la coincidencia, casi perfecta, de todas las latitudes que determinábamos con las de él y despues fué fortalecida por todos los demás resultados que ibamos obteniendo. Por esto mismo no nos sorprende la circunstancia de ser las cartas todas del Purus, que consultamos, una cópia no pocas veces grosera de los trabajos del notable geógrafo. Estos al final éran considerados como los únicos dignos de crédito.

Nuestra carta levantada independientemente — á partir de los puntos anotados, anteriormente completados en parte, en las cabeceras corrigiéndolos además, en modificaciones secundarias en toda la extension del gran rio.

Fué fundado en las consideraciones anteriormente expuestas, que arreglamos nuestros cronómetros y obtuvimos com respecto a los puntos principales el resultado que se anota en el siguiente cuadro: [Coordenadas dos Pontos Principais]

 

[ 30 ] Abunini, na língua dos pamaris (N. do A.).
[ 31 ] Estes últimos declives determinam o caráter torrencial das cabeceiras (N. do A.).
[ 32 ] Chamam-se assim os raros trechos retilíneos do rio (N. do A.).
[ 33 ] Esta subida anormal, de águas, é, propriamente, do Acre, represado (N. do A.).
Como citar
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Relatório da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus. Aspecto geral do Rio Purus… Texto e pesquisa de Euclides da Cunha, pesquisa, rev. e trad. espanhol de Pedro Alejandro Buenaño. In: EUCLIDESITE. Notas de Oswaldo Galotti e Juan C. P. de Andrade, org. Juan C. P. de Andrade. Obras de Euclides da Cunha. São Paulo, 2020. Disponível em: https://euclidesite.com.br/obras-de-euclides/relatorio-da-comissao-mista-brasileiro-peruana-de-reconhecimento-do-alto-purus/ Acesso em: [data]. Reprod. BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Relatório da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus: notas complementares do comissário brasileiro (1904-1905). Texto e pesquisa de Euclides da Cunha, pesquisa, rev. e trad. espanhol de Pedro Alejandro Buenaño. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1906. 7, 88, 76 pp., 2 fls. de lâminas dobradas, 2 mapas dobrados. 25 cm. Exemplar da coleção Dr. Oswaldo Galotti, Acervo Casa de Cultura Euclides da Cunha, São José do Rio Pardo, São Paulo. Ortografia atualizada.